Esta é uma pergunta que me tem sido formulada desde que concluí a minha jornada.
Respondo então. O que o torna tão diferente é a intenção e a energia deixada por aqueles que aceitam o convite para percorre-lo livremente... em toda a sua extensão. Ninguém vai ao caminho sem que, intimamente, já não o esteja percorrendo.
A pergunta que se segue é velha conhecida. Como posso percorrer um caminho sem ter estado lá antes?
Para iniciar a sua jornada não é necessário estar no caminho fisicamente. Numa jornada deste tipo, são as suas inquietudes e os seus questionamentos que produzem os elementos necessários para colocá-lo no caminho. Caminho este que, num dado momento, se torna o centro da sua própria existência. Quando isso acontece a sua jornada espiritual já se iniciou... você já está no caminho, então, percorre-lo fisicamente é só uma questão de tempo.
O que você encontrou no caminho? Esta é a pergunta que normalmente sucede a anterior.
A jornada me remeteu a três momentos distintos. Num primeiro momento fui movido pela ansiedade da partida, tomado que estava pelo espírito de aventura, ansioso para ver o que iria se revelar no decorrer da caminhada... o que me estava reservado logo após a próxima curva. Num terceiro momento, ao me aproximar do final da jornada, fui movido pela ansiedade da chegada, sob a perspectiva de poder saborear a deliciosa sensação de ter vencido o grande desafio, de saber que fui capaz de realizar um projeto grandioso em minha vida e, sobretudo, a possibilidade de voltar para casa e rever as pessoas que amo.
A grande experiência é reservada para o segundo momento. Este segundo momento passa a existir quando o primeiro já deixou de exercer os seus efeitos, e a força de ânimo contida no terceiro ainda não pode ser sentida. Nesse momento, muito longo vale frisar, percebi que, além da mochila presa as minhas costas, dava carona a outros dois indivíduos.
O primeiro assentava-se sobre o meu ombro direito. Era um Anjo que, falando mansamente ao meu ouvido, me estimulava a dar o passo seguinte. O segundo, sentado sobre o meu ombro esquerdo, era um demônio que gritava o tempo todo em meu ouvido, plantando em meu coração o desânimo e a sensação de que eu seria incapaz de vencer o desafio.
Com o passar do tempo aprendi a administrar e a compreender o aspecto dual da existência humana. Lembrei da aula de física cujo enunciado diz: "o universo equilibra-se perfeitamente entre as forças de atração (força positiva) e repulsão (força negativa). É, pois, no embate constante entre estas duas forças antagônicas que o universo inteiro alcança o seu ponto de equilíbrio.
Para aquele que peregrina, o equilibrio se dá quando ele se torna uno com o próprio caminho... quando ele e o caminho se tornam um só, quando as vozes, seja do Anjo ou do Demônio, cessam por completo e o coração do viajante experimenta a quietude interior. Nesse momento, o único som perceptível são os seus próprios passos.
Olá meu bem!
ResponderExcluirMuito legal você compartilhar suas experiência com todos!
Preciso te passar umas dicas de formatação, truques simples, nos falamos domingo!
Parabéns!