"Muito já se falou. Muito já se escreveu. Mas a experiência é única, e é minha... assim como também são únicas, e minhas, as minhas impressões digitais. Não as das minhas mãos, mas, as das solas dos meus pés" (Josué C. de Oliveira)



segunda-feira, 3 de maio de 2010

"O Caminho de Santiago do Campo de Estrêlas"

   Conta a história que, no ano 813 d.C, um ermitão de nome Pelayo certa feita campeava o seu pequeno rebanho de ovelhas. A noite já havia bebido os últimos lampejos de sol daquele dia, quando, sem um porquê mais específicoteve a sua atenção voltada para o firmamento. Com os olhos fixos no céu, deparou-se com uma trilha luminosa... um extenso campo estreito formado de incontáveis estrêlas. Homem simples e temente a Deus, intuiu aquela visão como um chamado... Um chamado que o levaria a uma importante revelação.
   Deixando o seu rebanho em local confinado, reuniu algumas parcas provisões e se colocou a caminho. A jornada se estendeu por toda a noite e, pouco antes do amanhecer, aquela via iluminda por pequenas estrêlas se desfez numa chuva incandescente e prateada. Cansado da longa caminhada se recostou numa formação de pedra e adormeceu. O calor do sol o despertou e, ao abrir os olhos, percebeu que a sua jornada o havia trazido até a um antigo cemitério. Haviam vários túmulos aqui e ali, alguns já parcialmente cobertos pela vegetação do lugar. Vagava curioso por entre os túmulos até que um deles lhe chamou a atenção de modo especial. Bordejando a tampa do túmulo haviam inscrições em latim primitivo sendo que, numa das cabeceiras da tampa podia-se ver adornos em baixo relêvo na forma de Conchas Vieira (Conquilles de St. Jacques), como eram conhecidas. Seguindo até um vilarejo próximo, Pelayo procurou um padre local e contou a sua história. O padre encontrou sinceridade naquele homem e levou a história ao conhecimento do Bispo Teodomiro que, prontamente se dispôs a ir até o local mencionado pelo ermitão.

   Ao traduzir as incrições estampadas na tampa daquele túmulo, descobriram que aquela tumba acolhia os restos mortais do Apóstolo Tiago. Mais tardiamente foram encontrados registros da passagem do Apóstolo Tiago por terras espanholas, nas províncias de Zaragosa, Galícia e outras.

   A notícia se espalhou por toda a Europa como um rastilho de pólvora. Na cidadela de St. Jean Pied de Port, à época, um pequeno vilarejo de características medievais socado no sopé dos Pirineus franceses, Frei Aymeric, homem de muita fé, soube da boa nova e empreendeu a longa jornada, a pé, através dos 840 quilômetros que separam a cidadela de St. Jean Pied de Port até a atual cidade de Santiago de Compostela, dando inicio a rota de peregrinação que haveria de se tornar uma das mais importantes e festejadas rotas de peregrinação do mundo ocidental.

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